Girls in Science

História

Jovens brasileiras contam como romperam barreiras para estudar com o apoio do #EDUCASTEM2030

Capacitar meninas e meninos, mulheres e homens de forma igualitária.

A UNESCO acredita que todas as formas de discriminação baseadas em gênero são violações dos direitos humanos, bem como barreiras significativas para alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Capacitar meninas e meninos, mulheres e homens com conhecimentos, valores, atitudes e habilidades para enfrentar as disparidades de gênero é uma condição para a construção de um futuro sustentável para todos.

Com base na premissa da Agenda 2030 de não deixar ninguém para trás e combater a exclusão de meninas e mulheres nas áreas de ciências, tecnologia, engenharias e matemática (STEM, na sigla em inglês), a UNESCO no Brasil lançou, em 2022, o projeto #EDUCASTEM2030. Por meio de estratégias de formação de professores e estudantes, o projeto visa a contribuir para a sensibilização e a transformação, por meio de uma abordagem pedagógica da escola, bem como a reverter cenários de exclusão.

Fabiana Machado de Souza e Tainá Caldas, ambas com 19 anos, estão entre as estudantes que sonhavam seguir uma carreira nas áreas de STEM e se engajaram no projeto. Fabiana é de Catu, no interior da Bahia, e Tainá vive em Ilhéus, no mesmo estado. As duas enfrentaram desafios e dificuldades para ingressar nessas áreas de estudo. Por meio do #EDUCASTEM2030, elas tiveram contato com mulheres inspiradoras e mentoras, expandiram suas habilidades e ganharam confiança em suas próprias capacidades. Fabiana conseguiu uma bolsa de estudos integral para estudar engenharia de produção, o mesmo curso que Tainá faz atualmente. Tainá também é líder estudantil, compartilha sua história e aponta caminhos para meninas que buscam seguir estudos nas áreas de STEM no Brasil.

Juntamente com meninas de outros países, as duas brasileiras participaram do documentário Her Education, Our Future (A educação delas, o nosso futuro), produzido pela rede chinesa CGTN com a UNESCO.

Conversamos com elas para saber como as experiências no projeto #EDUCASTEM2030 as ajudaram em seus estudos e em suas vidas.

Women Scientists
Fabiana Machado de Souza from Catu (Bahia, Brazil), a Production Engineering student.

1) Fale sobre você e sobre seus objetivos de estudo.

Fabiana: Sou estudante do terceiro semestre de engenharia de produção, na Faculdade Santíssimo Sacramento, e sou uma garota do campo. Sou uma menina esforçada, tímida, dedicada, sonhadora e determinada, que lutou por tudo, pelos seus sonhos e objetivos. Os estudos são importantes para uma melhora de vida e, por meio do caminho dos estudos, eu quero alcançar novos patamares, viver novas oportunidades e construir, fazer a diferença na minha realidade. Quero concluir a minha graduação em engenharia e conseguir um emprego, para aprender e me desenvolver na área. Futuramente, desejo aliar esse campo com outras áreas e desenvolver novas ideias. Por mais que seja uma direção que demanda mais esforço, ela é prazerosa e gratificante, pois enriquece os lados pessoal, familiar e social..

Tainá: Sou estudante de engenharia de produção e, no momento, meu objetivo de estudo é começar um curso de inglês. Eu gosto de ler, de assistir animes, de alegria, de sorrir e de ver sorrisos. Pretendo terminar a faculdade de engenharia – ainda restam muitos anos de curso – e depois eu penso em fazer um MBA, mas ainda não sei em qual área. 
 

Women Scientists
Tainá Caldas from Ilhéus (Bahia, Brazil), a Production Engineering student.

2) Como foi a sua experiência com o projeto #EDUCASTEM2030?

Fabiana: Foi uma experiência incrível participar do projeto #EDUCASTEM2030. Uma curiosidade é que não eu estava conseguindo me firmar em nada que me propunha, mas o curso foi maravilhoso, além de ser da UNESCO; aprendi diversos conteúdos, e um dos que mais me recordo é aquele sobre a igualdade e a equidade de gênero. A didática e os aprendizados foram sensacionais. Aprendi tanto com o curso como com os outros de que estava participando, compartilhando experiências e sonhos. Conheci sobre as mulheres inspiradoras, suas lições de vida e o significado de STEM. O espaço de interação via internet era animador, visto que conversávamos enquanto aprendíamos, o que era mais acessível por causa da dificuldade de deslocamento. Refleti sobre a importância das meninas na ciência e o quanto o tema era pertinente na realidade vivida, descobrindo uma nova ótica e me posicionando diante das situações.

Tainá: A minha experiência no #EDUCASTEM2030 foi muito importante para a minha escolha de curso, para a minha decisão sobre qual área seguir. Porque eu sempre ouvia muito: “Faz isso, faz aquilo, isso aqui combina com você, isso aqui é bom para você”... Eu não via muitas pessoas nessas áreas de STEM, eu não tinha muito convívio com pessoas nas áreas de exatas, então eu tinha muito receio de seguir em uma área de exatas. Mas o #EDUCASTEM2030 abriu muito a minha visão para isso. Eu conheci pessoas incríveis, como a professora Eliade Lima, e ouvi histórias incríveis, e a da Eliade me ajudou muito nisso. Hoje, eu faço engenharia de produção, e o EDUCASTEM foi crucial para hoje em dia eu estar em uma área de exatas. Fazer engenharia de produção está sendo uma das melhores experiências, é uma das melhores decisões que eu tomei na minha vida. Não vou dizer que é fácil, há momentos em que a gente fica bem triste por não conseguir acompanhar, quando a gente não consegue tirar aquela nota excelente... Mas a gente sempre lembra o motivo de estar no curso, que é uma paixão. Toda vez que se descobre uma coisa nova, é sempre lindo. A minha experiência foi incrível no EDUCASTEM.

3) O que mais ajudou você na busca de seus objetivos?

Fabiana: Havia dificuldades no caminho até aqui. Passar por elas exigiu força e coragem. Ao olhar para trás, é inacreditável ver como houve superação mesmo naqueles momentos difíceis em que pensei em desistir e que seria o fim, acreditando que poderia melhorar, que tudo daria certo e lutando. Colocar a cabeça no travesseiro sabendo que me esforcei e saber que desistir causaria mais arrependimento do que se eu tivesse tentado. Minha família, minha mãe, minha irmã e meu pai acreditaram que eu poderia conseguir e me deram apoio, me incentivando e orientando a andar no caminho correto, a estudar e ter dedicação.

Tainá: O que mais me ajudou na busca dos meus objetivos foi o apoio dos meus familiares, da minha irmã, do meu pai e da minha mãe. Eu nunca tive essa pressão em casa muito pelo curso [de engenharia de produção]. Tive de outras pessoas, mas não dentro de casa. Então, com a minha família sempre foi muito leve. Minha irmã – eu sempre falo –, ela é uma das minhas inspirações. Minha irmã falava em seguir uma área de exatas. Eu a ouvia falando isso e acabou me dando aquele empurrãozinho que faltava para eu também querer seguir uma área de exatas, o que me ajudou na busca dos meus objetivos.

4) Com a sua experiência até agora, que conselhos você gostaria de dar a outras meninas?

Fabiana: Eu gostaria de dizer às outras meninas que, sim, vocês conseguem, seus sonhos podem se tornar realidade e são importantes. Mesmo que as barreiras apareçam, respirem e continuem, acreditando com fé que tudo dará certo. Deem valor à sua vida. Façam a diferença, mesmo que se vejam sem apoio, tomem atitude. Não tenham medo e não se importem com as críticas destrutivas. Vocês são capazes, têm potencial, são valiosas e especiais. Sigam em frente para contar o seu testemunho e para que, por meio dele, possam ajudar outras meninas que estejam passando pela mesma situação.

Tainá: A minha experiência até agora está sendo boa, mas ao mesmo tempo, difícil. Não vou dizer que é fácil – não é fácil, mas isso não quer dizer que a gente vai desistir. Infelizmente, as dificuldades estão aí, dificuldades que a gente nem imaginava, porque sair do ensino médio direto para a universidade é um desafio bem grande. É muito difícil, é muito diferente, então a gente tem dificuldades, mas isso não quer dizer que não é apaixonante. A gente se apaixona a cada momento, por novas experiências, por estar vivendo um sonho. E o conselho que eu tenho para as meninas é não desistir. Eu sei que não é fácil, a gente passa por muitas dificuldades o tempo todo. Sempre lembrem o motivo que faz vocês estarem ali. Lutem com tudo que vocês têm, com todas as suas forças. Busquem apoio de todas as pessoas da sua família, sempre busquem apoio. Quando estiver difícil, não se contenham, peçam ajuda. Pedir ajuda não é sinônimo de fraqueza, é buscar um conforto, um colo, para a gente conseguir superar.

Scientist works with a pipette and a test tube.

#EDUCASTEM2030

Her Education, Our Future

“Her Education, Our Future” (A educação delas, o nosso futuro) – um documentário de uma hora produzido pela CGTN em parceria com a UNESCO – celebra o Dia Internacional da Mulher de 2024.