Principais iniciativas na Reserva da Biosfera da Amazônia Central, Brasil
A Reserva da Biosfera da Amazônia Central é um microcosmo da diversidade social, cultural e ecológica da Amazônia, que conecta áreas urbanas, rurais e indígenas que abrangem um rico mosaico de territórios e ecossistemas. Isso também se reflete no conhecimento detalhado e nas técnicas aplicadas por grupos locais no uso e no gerenciamento da biodiversidade da área. Os meios de subsistência locais demonstram a grande variedade e o potencial da bioeconomia amazônica; incluem a domesticação e o cultivo de espécies locais, a pesca comercial e de subsistência, o gerenciamento e o uso de recursos florestais e o turismo.
Treinamento de brigadas de prevenção e controle de incêndios
Vinte anos atrás, as operações de corte e queima podiam ser usadas para limpar campos sem o risco atual de espalhar vastos incêndios florestais pelas florestas da Amazônia Central, que agora se tornaram mais vulneráveis ao fogo devido à degradação florestal, às mudanças climáticas e às mudanças no uso da terra. Desde então, a cobertura florestal foi perdida a uma taxa média de 125 km²/ano, enquanto uma média de 700 incêndios ativos são detectados por ano.
A UNESCO e a Fundação Vitória Amazônica (FVA) receberam subsídios do Serviço Florestal dos Estados Unidos com foco em parcerias com o setor privado para desenvolver e fortalecer brigadas de voluntários a fim de prevenir e responder a incêndios florestais na Amazônia. Como resultado, o orçamento disponível para implementar estratégias de prevenção e monitoramento de incêndios na região foi duplicado. O projeto também desenvolveu diretrizes para permitir que os gerentes da reserva e os membros da comunidade recebam informações em tempo real sobre incêndios ativos na reserva da biosfera.
Quando você vê o fogo na natureza, não fica com medo, fica triste, fica desesperado ao ver algo que você tenta proteger sendo destruído. Muitas vezes, é acidental. Se você perguntar se é assustador, é. Mas graças a Deus, depois do treinamento, comecei a fazer reuniões com minha comunidade para transmitir conhecimento, ensinar o que fazer, criar aceiros para evitar que o fogo se espalhe pela floresta
Apoio aos tecelões tradicionais e ao artesanato em fibra: Associação de Artesãos de Novo Airão
A UNESCO apoia os esforços da Fundação Vitória Amazônica (FVA) e seu Projeto Fibrarte, que ajudou mulheres tecelãs de fibras vegetais a se organizarem formalmente como a Associação Artesanal de Novo Airão (AANA), fundada em 1996. Os membros da AANA incluem moradores da cidade e comunidades ribeirinhas tradicionais onde as fibras são colhidas.
Essas iniciativas visam a conciliar a geração de renda com o manejo e a conservação de espécies utilizadas no artesanato, como arumã, cipós (titica, ambé, tucumã, piaçava), açaí e bacaba. O Projeto Reservas da Biosfera Amazônica presta apoio ao trabalho da FVA para fortalecer a cadeia de valor do artesanato de fibras vegetais. Isso inclui a melhoria do gerenciamento dos materiais de origem, o apoio à produção de fibras e a comunicação e divulgação dos produtos finais.
Produção de óleos essenciais da Inatú Amazônia
A UNESCO dá apoio aos esforços do Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia - IDESAM para impulsionar as atividades do Inatú Amazônia, uma marca coletiva de comunidades locais que visa a produzir e comercializar produtos da Floresta Amazônica, principalmente óleos essenciais de copaíba, andiroba, café verde e breu, além de valorizar o trabalho das famílias que vivem do extrativismo. São pelo menos 2.500 pessoas envolvidas na iniciativa, o que lhes permite comercializar os óleos desses produtos com maior valor agregado, em lotes maiores de produção e chegar ao consumidor.
O Projeto Reservas da Biosfera Amazônica:
- apoia a cadeia produtiva de óleos essenciais de breu (Protium sp.) e pau-rosa (A. roseodora) na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã;
- promove a eficiência energética na mini moinho de óleo vegetal; e
- promove a comercialização de óleos essenciais em regime de comércio justo.
Produtos com denominação de origem protegida
As farinhas Ovinha e Uarini são tradicionalmente produzidas nas regiões do Amazonas e do Médio Solimões, nos municípios de Tefé, Alvarães e Uarini. Um selo de denominação de origem protegida certifica sua qualidade única e suas características, incluindo a origem geográfica, o clima, o solo e os métodos de produção.
A UNESCO apoia os esforços do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB) para fortalecer a cadeia de valor da farinha de Uarini, de acordo com o Plano de Ação da Reserva da Biosfera da Amazônia Central para garantir oportunidades de geração de renda sem desmatamento e em conformidade com os programas de conservação e uso sustentável. A cadeia de valor e seus atores estão sendo avaliados, como base para o desenvolvimento de técnicas, informações e conhecimentos que possam apoiar a tomada de decisões e o posicionamento estratégico, a fim de contribuir para o desenvolvimento econômico da região do Baixo Juruá e Médio Solimões.