Desde que essa área foi designada como reserva da biosfera em 1991, a UNESCO tem colaborado com os Guarani e com outros Povos Indígenas, ao fornecer uma plataforma relevante para o reconhecimento e o compartilhamento de seus conhecimentos, além de contribuir para a conservação dos ecossistemas da Mata Atlântica.
Conservar a biodiversidade e respeitar o conhecimento, a cultura e o estilo de vida Guarani
O povo Guarani, profundamente ligado a suas terras ancestrais, enfrenta muitos desafios para protegê-las. Ameaças como extração ilegal de madeira, expropriação e desenvolvimento urbano continuam a interferir em suas terras. A vastidão dessa área, bem como o fato de que a maior parte dela é coberta por uma densa floresta tropical, torna ainda mais difícil o monitoramento dessas ameaças. Ao designar a região da Mata Atlântica como Reserva da Biosfera em 1991, a UNESCO fornece apoio para garantir sua conservação e o uso sustentável de sua biodiversidade, bem como a delimitação das áreas de conservação e a elaboração de planos de desenvolvimento, ampliando assim a importância do conhecimento e do know-how Guarani para enfrentar os desafios e fortalecer suas ações.
Acreditamos que a natureza faz parte de nós. Ela tem espírito, tem conhecimento, tem vida, e devemos respeitá-la. As pessoas protestam nas ruas pelos direitos humanos, mas se esquecem de lutar pelo direito à vida, e esse direito à vida é um direito de todos os seres vivos.
Colaboração pela conservação
As terras habitadas e manejadas por Povos Indígenas, como as dos Guaranis, são também áreas de alta biodiversidade. A estreita relação entre as culturas indígenas e a natureza funciona como uma força poderosa na conservação da diversidade biológica.
A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) e o povo Guarani formam uma parceria colaborativa baseada no respeito mútuo e em objetivos compartilhados. A UNESCO, as partes interessadas locais e os Guaranis trabalham juntos em um contexto de aprendizagem mútua para realizar diversas atividades, como projetos de recuperação, iniciativas de turismo sustentável, manutenção de espécies nativas de abelhas e produção de produtos certificados.
Em nosso território, temos muitos desafios em relação à terra, porque o nosso povo precisa de terra para ter uma cultura forte, para perpetuar a nossa cultura. Fazer parte de uma Reserva da Biosfera da UNESCO nos ajuda a ter o poder para cuidar da Mata Atlântica.
O apoio da UNESCO e as contribuições dos indígenas
A parceria entre a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) e o povo Guarani mostra que a UNESCO está alinhada com as visões de mundo dos indígenas. Solidariedade, preservação ambiental, organização coletiva, participação de jovens e mulheres, e diálogo entre conhecimento científico e indígena para a conservação biológica são os pontos principais. A Reserva da Biosfera tem seu próprio Conselho Nacional, que inclui representantes dos Povos Indígenas e das comunidades locais, incluindo lideranças dos Guaranis. O Conselho funciona como um órgão essencial de tomada de decisões, que estabelece planos, prioridades e questões políticas relacionadas à Reserva da Biosfera.
O apoio da UNESCO vai além de marcos de ação facilitadores, pois também fornece assistência financeira e técnica às iniciativas, como o projeto de Restauração Cidadã da Reserva da Biosfera. Ao valorizar as economias, o conhecimento, as habilidades e o artesanato indígenas, a UNESCO e a RBMA colaboram para que as iniciativas e lutas do povo Guarani possam prosperar cada vez mais.
Olhar para o futuro
Garantir os direitos territoriais, demarcar territórios e apoiar iniciativas políticas que priorizem as comunidades indígenas são passos fundamentais em direção a um futuro sustentável para o povo Guarani e para o ecossistema da Mata Atlântica. A parceria entre as reservas da biosfera e os Povos Indígenas ilustra o poder da cooperação, ao reconhecer as inestimáveis contribuições das comunidades indígenas para viver como a natureza e conciliar a conservação da biodiversidade e seu uso sustentável. Enquanto nos esforçamos para preservar a biodiversidade e promover seu uso sustentável, é fundamental reconhecer e respeitar a sabedoria e a resiliência das culturas indígenas. Juntos, a UNESCO e o povo Guarani traçam um caminho rumo a um futuro no qual a natureza e a cultura prosperam, em um contexto de coexistência harmoniosa.