Comunicado de imprensa

Ética na IA: mais um passo para a aprovação da Recomendação da UNESCO

Paris, 2 de julho. Depois de meses de diálogo e negociações construtivos, os representantes dos Estados-membros da UNESCO chegaram a um consenso sobre o texto preliminar de um ambicioso e abrangente novo modelo para o desenvolvimento ético e a implementação da inteligência artificial (IA).

O impulso por mudanças na IA ética está aumentando na preparação para a Conferência Geral da UNESCO, em novembro – quando a Recomendação será submetida à aprovação dos Estados-membros da Organização. A recomendação vai estabelecer um marco de ação mundial para garantir que as transformações digitais promovam os direitos humanos e contribuam para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Recomendação também abordará questões sobre transparência, responsabilização e privacidade, conterá capítulos sobre políticas voltadas para ações de governança de dados, educação, cultura, saúde e economia, e fornecerá aos governos e aos formuladores de políticas um marco global para regulamentar a IA.

 

Uma vez aprovada, os líderes de todo o mundo terão um ponto de referência compartilhado sobre como controlar os riscos e aproveitar essas novas tecnologias como uma força do bem. A IA tem o potencial de reduzir radicalmente as desigualdades, promover a diversidade e beneficiar a humanidade como um todo.
Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO

Justiça algorítmica

Embora as tecnologias de IA tenham um valor extraordinário e potencial para o desenvolvimento social e econômico, elas apresentam desafios complexos e únicos para os formuladores de políticas. A IA levanta preocupações significativas sobre preconceitos, estereótipos e discriminação. Cada vez mais, as decisões nas esferas pública e privada estão sendo tomadas com base nas análises produzidas pela IA. Com isso, a UNESCO pede que a IA seja desenvolvida de modo a garantir resultados justos.

A Recomendação incluirá disposições para garantir que os preconceitos do mundo real não sejam reproduzidos online, bem como oferecerá ações políticas concretas baseadas em valores e princípios universais. Também incumbirá a UNESCO de analisar o nível de avanço de cada país no campo da IA, a fim de auxiliar seus Estados-membros na fase de implementação.

O texto recebeu a contribuição de 24 especialistas – líderes na área de IA – de todo o mundo. Eles garantiram o escopo amplo, abrangente e diversificado da Recomendação. Seu texto foi desenvolvido por meio de um processo de consulta global, que teve como fundamento a multiplicidade de vozes de diferentes grupos de partes interessadas em todo o mundo.

A UNESCO está pronta para trabalhar com seus membros e parceiros para assegurar que esta Recomendação cumpra sua promessa de conferir à IA uma base ética sólida, que atenda às pessoas.

A Recomendação sobre a Ética da Inteligência Artificial será um modelo para o consenso global sobre “o quê” e “como” implementar a regulamentação ética desta tecnologia revolucionária. A UNESCO está pronta para ajudar os governos e outras partes interessadas no desenvolvimento de suas capacidades para enfrentar os desafios, inclusive por meio da avaliação de impacto ético.
Gabriela Ramos, diretora-geral adjunta de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO