Comunicado de imprensa

Relatório da UNESCO revela que 70% dos jornalistas ambientais sofreram ataques por seu trabalho

O novo Relatório publicado pela UNESCO no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio, alerta para o aumento da violência e da intimidação de jornalistas que realizam reportagens sobre o meio ambiente e a mudança climática. Pelo menos 749 jornalistas ou meios de comunicação que cobriam questões ambientais sofreram ataques nos últimos 15 anos, e a desinformação online aumentou drasticamente nesse período. A UNESCO faz um apelo por um maior apoio a jornalistas que cobrem a área ambiental e uma melhor governança das plataformas digitais.
 PR 2024 World Press Freedom Day

Sem informações científicas confiáveis sobre a crise ambiental em curso, nunca poderemos ter esperança de superá-la. No entanto, os jornalistas com os quais contamos para investigar esse assunto e garantir que as informações sejam acessíveis enfrentam riscos inaceitáveis, e a desinformação relacionada ao clima tem ocorrido de maneira desenfreada nas mídias sociais. No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, devemos reafirmar nosso compromisso de defender a liberdade de expressão e proteger os jornalistas em todo o mundo.

UNESCO Director-General
Audrey AzoulayUNESCO Director-General

No novo Relatório, intitulado Press and Planet in Danger [imprensa e planeta em perigo], a análise da UNESCO revelou casos em que pelo menos 749 jornalistas e meios de comunicação que produzem reportagens sobre questões ambientais foram alvo de assassinato, violência física, detenção e prisão, assédio online ou ataques judiciais no período de 2009 a 2023. Mais de 300 agressões ocorreram entre 2019-2023 – um aumento de 42% em relação aos cinco anos anteriores (de 2014 a 2018).

O Relatório ressalta que o problema é mundial, com registros de ataques em 89 países em todas as regiões do mundo. Ele será lançado na Conferencia del Día Mundial de la Libertad de Prensa 2024, que acontece em Santiago, no Chile, de 2 a 4 de maio de 2024. 

 

Um aumento nas agressões físicas

O Observatório de Jornalistas Assassinados da UNESCO (em inglês) já registrou o assassinato de pelo menos 44 jornalistas que investigavam questões ambientais nos últimos 15 anos, dos quais apenas cinco resultaram em condenações – um índice de impunidade chocante de quase 90%. O relatório constatou, no entanto, que outras formas de agressão física também prevaleceram, com 353 incidentes. Também constatou que os ataques mais do que dobraram nos últimos anos, aumentaram de 85 de 2014 a 2018 para 183 de 2019 a 2023.

Em uma consulta a mais de 900 jornalistas que cobrem a área ambiental de 129 países realizada pela UNESCO em março de 2024, 70% relataram ter sofrido agressões, ameaças ou pressões relacionadas às suas reportagens. Entre eles, dois em cada cinco sofreram violência física posteriormente.

Os dados mostram que as mulheres jornalistas afirmam estar mais expostas do que os homens ao assédio online, o que reflete a tendência identificada no relatório anterior da UNESCO, The Chilling: global trends in online violence against women journalists.

Além dos ataques físicos, um terço dos jornalistas pesquisados disse ter sido censurado e quase metade (45%) declarou ter se autocensurado ao cobrir o meio ambiente devido ao medo de ser atacado, de ter suas fontes expostas ou por saber que suas matérias estavam em conflito com os interesses das partes interessadas. 

 

Um roteiro mundial contra a desinformação climática

Um dos principais resultados da Conferência do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa será um Roteiro Mundial da UNESCO contra a Desinformação Climática, que pretende identificar os papéis que os governos, a mídia, a academia e os pesquisadores, a sociedade civil e as plataformas digitais podem desempenhar para apoiar e proteger os jornalistas ambientais, assim como promover a integridade da informação online sobre o meio ambiente e a mudanças climática. 

A diretora-geral da UNESCO participa da abertura da Conferência ao lado do Presidente do Chile, Gabriel Boric. Ela anunciará o lançamento de um programa de subsídios para fornecer apoio jurídico e técnico a mais de 500 jornalistas que cobrem a área ambiental e enfrentam perseguição, além de novas iniciativas para promover o pensamento crítico sobre a desinformação climática e para melhorar a regulamentação das plataformas digitais, de acordo com as Diretrizes da UNESCO para a Governança de Plataformas Digitais (em várias línguas), lançadas em novembro do ano passado.

Sobre a UNESCO 

Com 194 Estados-membros, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura contribui para a paz e a segurança, liderando a cooperação multilateral nas áreas de educação, ciências, cultura, comunicação e informação. Com sede em Paris, a UNESCO tem escritórios em 54 países, emprega mais de 2,3 mil funcionários. A UNESCO coordena uma rede de mais de 2 mil sítios do Patrimônio Mundial cultural e natural, Reservas da Biosfera e redes de Geoparques Globais, de Cidades Criativas, de Cidades de Aprendizagem, de Cidades Inclusivas e Sustentáveis, além de 13 mil escolas associadas, cátedras universitárias e instituições de ensino e pesquisa. A Organização tem Audrey Azoulay como diretora-geral.

“Como as guerras começam nas mentes dos homens, é nas mentes dos homens que as defesas da paz devem ser construídas” – Constituição da UNESCO, 1945. 

Para obter mais informações, acesse: www.unesco.org

Contato de imprensa

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Clare
O'Hagan
Senior Press officer

Phone: +33 1 45 68 17 29

UNESCO report reveals 70% of environmental journalists have been attacked for their work