Notícia

UNESCO no Brasil mostra o cenário da violência contra mulheres jornalistas

Nos últimos anos, a sociedade civil, os investigadores e organismos internacionais têm reconhecido cada vez mais a extensão e o impacto da violência contra as mulheres jornalistas, seja nas modalidades offline, online, verbal, visual ou física. Muitas mulheres jornalistas têm relatado que já sofreram violência física e online perpetrada por colegas, fontes, figuras públicas, autores anônimos e estranhos. Essa violência representa uma ameaça à diversidade da comunicação, bem como à participação igualitária nas deliberações democráticas e ao direito do público ao acesso à informação.
The Imperative need to protect women journalists in Peru

Essas são afirmações constam na publicação “Ameaças que silenciam: tendências em matéria de segurança dos jornalistas; Conclusões do documento de reflexão; tendências mundiais em matéria de liberdade de expressão e desenvolvimento da comunicação social: relatório global 2021/2022”, que tem um capítulo exclusivo sobre a tendência mundial em relação à violência contra as mulheres jornalistas.

De 2016 a 2020,

37 jornalistas foram mortaswere killed
~ 9% do total

de 400 assassinatos registados nesses cinco anos

Segundo a pesquisa, ainda falta investigar no plano mundial as razões pelas quais as mulheres jornalistas estão sub-representadas entre as vítimas fatais. Além disso, em muitos países, as mulheres são excluídas dos cargos de edição e direção nas empresas de mídia. Isso significa que não é dada prioridade às questões que afetam as mulheres jornalistas, como a violência misógina online, no plano da tomada de decisões, incluindo o fato de as jornalistas enfrentarem desafios específicos relacionados à violência de gênero, que podem ir além do que já se conhece sobre a segurança dos jornalistas.

A publicação mostra que as mulheres que atuam na esfera pública, online e offline, correm o risco de ser alvos de assédio, abuso e violência de gênero, com o objetivo de dificultar ou impossibilitar o exercício de sua profissão. Assim, quanto maior for a visibilidade pública uma mulher, mais ela estará exposta a esses riscos. Pesquisas recentes mostram que o gênero é apenas um dos muitos fatores que têm impacto na probabilidade de uma pessoa ser alvo de abuso, assédio e violência na esfera pública.

A publicação também inclui os resultados de um projeto de pesquisa que durou dois anos, realizado em 2021 pela UNESCO em cooperação com o Corte Internacional de Justiça (CIJ), sobre violências online enfrentadas por mulheres jornalistas. O estudo mostrou que

 

73%
das jornalistas entrevistadas

disseram ter sido vítimas de alguma forma de violência online

25%
também foram atacadas ou maltratadas off-line

em consequência da violência online que já haviam sofrido

A pesquisa UNESCO-CIJ mostrou ainda que o assédio é agravado por múltiplos estereótipos e preconceitos relacionados a etnia, religião e orientação sexual/identidade de gênero, uma vez que as entrevistadas que se identificaram com essas categorias apresentaram as taxas mais altas e sofreram os impactos mais graves da violência online. O estudo também estabeleceu que, muitas vezes, os ataques contra as mulheres jornalistas também estão intimamente relacionados com campanhas coordenadas de desinformação, além de afirmar que a violência e o assédio online de mulheres jornalistas continuam a ser ameaças sérias. Entre outros dados, 

1 em 4
profissionais sofreu ameaças de violência física
4 em 10
aparentemente foram alvo

de campanhas organizadas de desinformação

1/4
sofreu um impacto em sua saúde mental
1 em 10
denunciou a violência online à polícia

A publicação informa que em 2020 foi lançada a Aliança contra a Violência Online, liderada pela International Women’s Media Foundation, que reúne mais de 30 organizações da sociedade civil (OSCs), defende uma mudança no cenário atual e oferece apoio coletivo aos jornalistas. Além disso, há várias iniciativas conduzidas por outras OSCs em apoio a jornalistas que são alvo de assédio online. A Trollbusters, a OnlineSOS, a Vita Activa e a Aliança contra a Violência Online prestam serviços individuais a mulheres jornalistas e fornecem reforço das capacidades às organizações de mídia.

Ameaças que silenciam: tendências em matéria de segurança dos jornalistas; Conclusões do documento de reflexão; tendências mundiais em matéria de liberdade de expressão e desenvolvimento da comunicação social: relatório global 2021/2022
UNESCO
2021
With the support of the UNESCO Multi-Donor Programme on Freedom of Expression and Safety of Journalists (MDP)
0000379589