O impacto das estações de rádio das Forças de Paz das Nações Unidas
Como parte de um esforço mundial para apoiar a construção da paz, as Nações Unidas (ONU) estabeleceram redes de rádio em áreas afetadas por conflitos em todo o mundo para garantir que as populações locais tenham acesso a uma fonte de informação segura e confiável. Essas estações operam como parte das missões de paz da ONU, incluindo a Rádio Miraya, no Sudão do Sul; a Rádio Okapi, na República Democrática do Congo (RDC); a Guira FM, na República Centro-Africana; e a Rádio Mikado, no Mali. Estações de rádio semelhantes também foram implementadas em operações de paz anteriores em partes da Europa, da Ásia e do Oriente Médio.
Essas redes de rádio são um método fundamental de comunicação em grande escala para comunidades diversificadas, principalmente em locais onde a conexão à internet é fraca e a população é caracterizada pelo nomadismo, devido a conflitos e deslocamentos. Por exemplo, no Sudão do Sul, uma pesquisa mostrou que 83% das pessoas recebem notícias pelo rádio, enquanto apenas 4% acessam as informações online de forma regular.
As estações de rádio da ONU fornecem notícias e uma programação inovadora sobre assuntos atuais e cobrem questões importantes para as populações vulneráveis, incluindo segurança e proteção, questões de direitos humanos, empoderamento de mulheres e jovens, e apoio ao avanço de processos políticos e de paz. Durante as situações de crise, incluindo conflitos e desastres naturais, essas estações fornecem informações que salvam vidas. Isso é o que ocorre especialmente durante o surto de doenças mortais, como ebola e COVID-19, situações nas quais elas compartilham mensagens sobre saúde em várias línguas e que alcançam vastas áreas geográficas. Essas rádios também auxiliam as crianças na continuidade do acesso à educação durante esses períodos, ao transmitir aulas quando as escolas estão fechadas.
As redes de rádio fornecem uma plataforma valiosa para o diálogo interativo entre diversas comunidades e partes envolvidas nos conflitos e, fundamentalmente, um espaço seguro para pessoas que muitas vezes não têm voz para se expressar. Além disso, as estações oferecem educação cívica em apoio aos processos democráticos, incluindo eleições pós-conflito.
Em grande parte, as equipes das estações são compostas por membros da população local que fornecem uma compreensão rica e profunda do contexto político e da segurança, bem como a capacidade de se comunicar nas línguas locais. Isso também ajuda a elevar os padrões do jornalismo local e oferece oportunidades de desenvolvimento profissional no longo prazo para esses repórteres, apresentadores, produtores e técnicos de transmissão locais, que dão seguimento a suas carreiras muito depois que as forças de paz já partiram. Na maioria dos casos, elas definem o ritmo em relação ao futuro das empresas de radiodifusão.
A Fundação Hirondelle e o Geneva Centre for Security Policy (GCSP), em estreita consulta com as Nações Unidas, iniciaram um processo inclusivo para reunir as lições aprendidas e as melhores práticas na transição das estações de rádio das Operações das Forças de Paz da ONU.