Os jovens têm impacto na vida das suas comunidades como agentes positivos de mudança para a paz e o desenvolvimento sustentável

O projecto “Os Jovens Tecelões da Paz nas Regiões Transfronteiriças do Gabão, Camarões e Chade”, financiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Construção da Paz e implementado pela UNESCO e UNODC, está a criar uma rede de 1.800 jovens tecelões da paz, que serão agentes da consolidação da paz nas regiões transfronteiriças dos três países e na prevenção da instabilidade ligada, em particular, ao tráfico ilícito.

Este projecto tem lugar no contexto da África Central que, devido a crises e conflitos recorrentes, é globalmente sujeita a uma certa vulnerabilidade e fragilidade em termos de segurança, inclusive nas suas fronteiras. As regiões fronteiriças entre o Gabão e os Camarões, por um lado, e entre os Camarões e o Chade, por outro, para além das especificidades das zonas, sofrem de vários factores de conflito e instabilidade, incluindo ameaças de grupos armados, conflitos intercomunitários, crimes ambientais e tráfico transfronteiriço (drogas, armas) e outras formas de crime. Os jovens de ambos os sexos são directamente afectados, enfrentando desemprego, pobreza e falta de perspectivas, e expostos de facto ao recrutamento por grupos criminosos ou armados. Para além de todos estes factores de conflito e instabilidade, os impactos da pandemia da COVID-19 na saúde e socioeconómicos foram acrescentados nos últimos meses.

O projecto parece, portanto, ser uma oportunidade para os jovens nestas áreas-alvo, na medida em que lhes dá a oportunidade, na sua qualidade de agentes positivos de mudança, de dar uma contribuição directa e duradoura para a construção da paz e desenvolvimento, tendo como pano de fundo a revitalização e maior resiliência das suas organizações face aos choques ambientais, sociais e económicos, particularmente nas áreas-alvo do Gabão, Camarões e Chade.

Melhor ainda, ao desenvolverem a sua capacidade de empreendedorismo social e ao darem apoio a 160 jovens empresários, estão de facto equipados e capacitados economicamente, o que ajuda a combater a inactividade e o desemprego e, acima de tudo, ajuda a retirá-los da influência nociva e do recrutamento por grupos armados e terroristas.

Após a fase de implementação do projecto, chegou o momento de criar a própria rede, que será completada com a formação de jovens voluntários, homens e mulheres com 18 a 35 anos de idade, que se comprometem voluntariamente a servir as suas comunidades como tecelões da paz, na sequência da formação em empreendedorismo. Para além da paz e segurança, o objectivo é também promover o Mecanismo de Alerta Rápido da África Central (MARAC) da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) e reforçar a sua operacionalização através do envolvimento da sociedade civil em geral e dos jovens e das suas organizações em particular.

É evidente que este mecanismo em torno destes actores-chave terá um impacto positivo na coesão social, na convivência e no reforço do tecido comunitário nas zonas transfronteiriças abrangidas, e mesmo para além delas, e contribuirá para o reforço da cooperação transfronteiriça entre os três países. As primeiras acções dos tecelões formados e destacados falam por si e anunciam um futuro melhor para estes jovens e para as suas comunidades.